quarta-feira, 2 de maio de 2007

A cultura musical brasileira e sua decadência

Começarei esse texto fazendo uma retrospectiva do trajeto musical no Brasil. Antes de sua colonização, o Brasil, tendo seu povo natural indígena, começava a dar inicio aos acordes produzidos através de instrumentos rudimentares. No início da colonização, onde a cultura dos portugueses foi introduzida à nossa, o ritmo começou a ficar influenciado pelos povos estrangeiros, sendo eles europeus ou africanos, com características tanto nacionais como internacionais. Com o passar do tempo vários estilos musicais foram introduzidos à nossa cultura, como o tango, a valsa e outros diversos. Alguns gêneros oriundos de culturas estrangeiras acabaram se abrasileirando e tornando-se artefato exclusivo da nossa parte cultural.

Veio o Chorinho, o samba e a festa que é o carnaval, o contato corporal do baião, a Bossa Nova, sofisticada, renovadora e ao mesmo tempo suave, a jovem guarda que revolucionou o cenário musical do Brasil, com influências do rock internacional, o funk. Chegou a era mais influenciada por estilos internacionais, o rock, o punk, metal. Surgiu a música sertaneja, o country, o frevo, o rap, o reggae, o axé, e muitos outros derivados. Enfim, não podemos deixar de ressaltar que o Brasil, no decorrer de sua história, sofreu demasiadas influências internacionais introduzindo na sua cultura musical ritmos de todos os tipos e gostos.

Já fiz a retrospectiva, agora vou começar a dizer tudo aquilo que as pessoas estão ou não acostumadas a ouvir. Diante de todas essas influências, de toda a evolução tecnológica e mental decorrente em todo o mundo, as transformações musicais foram cada vez mais visíveis na sociedade brasileira. Mais visível ainda foi a rapidez de como tudo isso aconteceu, é você olhar pra trás e se dar conta de como tudo se transformou assim, de uma hora pra outra, o que antes era apreciado na nossa música hoje em dia é tratado com desprezo por muitos jovens atuais. Músicas inteligentes, com caráter histórico, com um instrumental deslumbrante, muitas vezes abrangendo temas marcantes da atualidade, de protesto, foram substituídas por letras, muitas vezes, com um caráter totalmente diferente do que era antes, aconteceu uma regressão musical. O que acontece é que tudo isso foi muito mal substituído! É inacreditável seus pais estarem escutando Cartola e você declarar como inaudível, música de velho, colocar na 96 FM e escutar a banda Calcinha Preta, veja bem, tocar. É delirante você ouvir seu pai escutar Cálice da autoria de Chico Buarque e dizer que a letra é horrível, sem sentido, não tendo ao menos a noção do que você está dizendo (sim, eu fiz isso há alguns anos atrás). É você ter o desgosto de passar na rua e ouvir a todo o tempo músicas com melodias iguais às outras, com letras iguais às outras, com estilos igual aos outros. É você ligar a tv no dia de domingo e ouvir os mesmos cantores sempre, sim, aqueles que cantam “pega na bundinha”, “meu amor vem requebrar”, “eu te amo e não vou te deixar”.

E dá um desgosto sabe, você olhar pro passado e ver o quanto tudo era mais bonito, diferente, e o pior, o que era pra ser um exercício físico e mental, hoje está resumido para físico apenas. O mental se dissolveu nas águas do passado, foi completamente esquecido. O que temos hoje? Ritmos musicais aonde os jovens precisam de drogas ilícitas para dançar a noite toda, para se “divertir” com os tais dos sons computadorizados.

Tuntz tuntz, esse é o som do futuro. Tudo o que hoje é passado amanhã não vai ser mais. A nossa MÚSICA vai ser esquecida pelos novos jovens como já está sendo. Chico Buarque, Cássia Eller, Raul Seixas, Rita Lee, Cartola, Jorge Ben, Djavan, Emílio Santiago. Quem foram eles? Ah, não sei, deve ser música de velho, a nova onda são as mulheres lindas de peito e traseiro grande cantando e dançando e, claro, aquela velha musiquinha internacional. Essa vai ser a resposta. Cadê as poesias musicais? As melodias bem elaboradas? As músicas de protesto? Cadê a cultura nacional? Cadê? É...e como Renato Russo já dizia: “Geração Coca-Cola”.

09/2006

15 comentários:

Anônimo disse...

Muito me felicita jovens como vocês tomar atitude como esta, esse blog é um pequeno grande exemplo de iniciativa a ser tomada por todos nós! textos bem produzidos e elaborados que retratam a realidade cotidiana com o ensejo de mudança que existe dentro de nós...
Parabéns meninas, continuem contribuindo com essa parcela de cidadania em prol do crescimento!

falando sério agora, do caralho isso aqui tá ficando... realmente vocês tão de parabéns =]

Caue Castro

Anônimo disse...

eu sempre achei esse texto irado... não preciso nem dizer nada! vamo em frente, ne ;))

Luiza Piatti disse...

vixe maria!Esse texto além de cultural e real é um modelo do que se passa mesmo nos dias de hoje...é triste pensar nesse sistema, nessa sociedade.
nossa!
eu lembro do dia que vc leu prima! =D
parabéns parabéns!
obs: ''otima argumentação!''
lembra?

e ei...''segura o tcham!'' o.O

julia disse...

eu lembro o dia também que vc me mostrou esse texto,primeirante, quando li o título,eu já fiquei toda encabulada...acho q demorei uns dois minutos só p ter coragem de começar...como alguém ousa falar da música brasileira e como alguém ousa mostrar que faço parte da geração que a degride?!...
eu lembro até que critiquei alguma coisa,não lembro o que,mas não deve ter sido verdadeiro,foi só uma revolta por alguém ter tocado em algo que não gosto que toquem...

;**

crap disse...

o triste é pensar: o que vai acontecer quando chico buarque morrer?
caetano veloso?
gilberto gil?
é isso que vai restar do que um dia foi a musica brasileira?

a nova música brasileira é tati quebra barraco, é calcinha preta, limão com mel, saia rodada ou alguma dessas tocas combinações que tanto formam bandas de forró, é um chiclete com banana da vida tranformando tudo no brasil em canraval e fazendo a massa esquecer que há dor no mundo e fazendo-os pensar que a vida é só alegria.
não digo que a musica deve nos lembrar que há dor, mas chico ao escreve uma música nos fazia pensar...
coisa que ninguem hoje em dia o faz (nem mesmo chico consegue como conseguia)
"Cadê as poesias musicais? As melodias bem elaboradas? As músicas de protesto? Cadê a cultura nacional?"
é...eu também quero saber.
o governo fala para insentivar a cultura nacional...quando umapeça de tertro com boas criticas chega na cidade a meia entrada é 50 reais. quantas e quantas vezs filmes nacionais deixam de estrear nessa cidade para que um filme idiota como O pequenino seja exibido? ou até mesmo para serem exibidos outros filmes nacionais de qualiidade duvidosa? (filmes da xuxa? nãããão que pe isso...) insnetivar a culutra nacional quando um livro de um escritor desconhcedio custa 28 reais (e o livro nem tinha capa dura e tinha menos de 100 paginas com fonte, no minimo 12.livro pra se ler numa sentada no trono) bah, o brasil não está pronto para insentivar a cultura nacional ou qualquer outra cultura. nesse pais qualque um que le livros eh considerado culto. isso me irrita.
bem, acehi aqui um bom meio de extravasar mminhas raivas.
obrigado.

julia disse...

não sei quem é crap hehehe ,mas concordo com quase tudo que vc falou,realmente a cultura brasileira contemporânea vem se decaindo,mas pô não só existe chico buarque ai,vários jovens estão buscando,estão lutando,não pode chegar e dizer que só tem tati quebra barraco,calcinha preta....ísso seria uma outra forma de desvalorizar quem tá lutando para que nossa música se solidifique outra vez...
o problema é arranjar espaço,incentivo,apoio,para essas pessoas fundirem a arte(digo a verdeira arte,que nos comove,nos move)em qualquer classe social.

Júlia Normande disse...

é, obrigada "crap" por se indignar aqui no nosso blog, com certeza ficamos felizes por isso. É como a júlia disse, há sim boas novas bandas, uma boa arte atual, mas a maioria não tem como mostrar seu valor, o brasil não está com tempo pra pensar na nova arte, só valorizando o que ficou pra trás ou o que atrai o popular, como essas bandas que você citou, e isso é grave. é preciso sim incentivo à cultura e isso não é de hoje, muitos tratam como um problema secundário, mas não é. se há tempo para incentivar a construção de novelas, entre outros, por que não da arte musical?

Júlia Normande disse...

sem contar nos preços absurdos para se ter acesso à arte, como nosso amigo citou lá em cima...um cd bom hoje em dia custa mais de 30 reais, um dvd mais de 50, e ainda querem conseguir combater a pirataria? precisa-se também mobilização dos artistas para tornar essa história diferente, pra todo mundo ter acesso à essa coisa linda que é a arte. pra se assistir a um bom espetáculo musical, pra ir a um teatro, assistir a um filme, é o olho da cara...hoje em dia a cultura não é mais pro povo, é pra classe média pra cima...

Yves Bastos disse...

ei julia
esse texto é mt foda
e é revoltante mermo ver esse bando de jovens que tem as mentes vazias, totalmente fúteis e nunca aberto a discursões.
eu to vivendo bastante isso lá no motivo, e é aí que eu sinto saudade do monteiro.
:*

crap disse...

"hoje em dia a cultura não é mais pro povo, é pra classe média pra cima..."
é verdade julia... e isso me entristece. a cultura não devia ser para alguns, mas para todos.
mas mesmo que fosse para todos, haveriam aqueles que não fariam por merecer, que ainda prefeririam viver sem as boas coisas.
=\
encontrei vocês por aí. num link do orkut.

Mayra disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mayra disse...

Bom, existem sim muitos artistas, os quais nós deveríamos dar o valor necessário, e não só falo dos que contam a nossa história, desenham o passado em música.. Falo daqueles que se propõe, numa sociedade tão fútil e acomodada dos dias de hoje, a nos fazer refletir e enxergar o quanto nos falta de cultura social pra o todo! Não é possível exigir uma educação cultural se não temos uma educação primária adequada, não culpo aqueles que escutam bandas que só falam de sexo, perversão e coisas banais, talvez MUITOS desses estão impossibilitados a ter acesso ao que é bom de verdade, em se trantando de música, no caso. Realmente, o acesso é restrito.. Faz-se necessário mais informação, mas que também nós que temos uma certa facilidade a achar um bom artista,tanto por interesse quanto por nível cultural, nos prontifiquemos a mostra-lo a todos, sem excessões..

Julia Vaz disse...

também acho isso sem restrinções,mas o negoço é começar pela base,a educação..
o que vcs acham que um menino de rua vai preferir,uma comida que amenize aquela fome que chega ser até ardente que sem ela ele não vive mas sobrevive,ou lê um livro sobre a "história do Brasil,os fundamentos da música".. ?!
e já como é muito dificil fazer uma "reestruturação" na educação brasileira,pq não fazemos trabalhos aleatórios a isso?trabalhos dinâmicos vinculando cada individuo a cultura do nosso país...(digo a cultura que não é vendida)
mais uma idéia

Anônimo disse...

Júlia, acho esse texto bárbaro, você sabe disso.è tanto que após o Literariar foi um dos textos mais elogiados. Ele é tão instigante que é o texto que mais tem comentários nesse blog. O interessante é que os comentários geram discussões dos próprios comentários e idéias para se fazer algumas ações para defender a cultura brasileira . Fico entusiadíssima com essas reflexões.

M.Ferro disse...

Buenas notches, Hipotenuzas!
muito bom esse texto, Ju, e é a verdade. Tava conversando sobre isso meia hora atrás. Não posso deixar de concordar que as musicas-poemas de antes morreu, pros (alguns) jovens de hoje, né...
Gostei de você ter tocado no assunto da decadencia musical brasileira, uma vez que nao so a musica, mas a cultura em geral ta decadente! É triste, né?
continuem assim lindas! :)